
Mesmo com a aprovação de um projeto de lei complementar no Senado que amplia o número de deputados federais de 513 para 531, Alagoas manterá suas atuais nove cadeiras na Câmara dos Deputados. A proposta, que agora volta à análise da Câmara dos Deputados por ter sido modificada no Senado, foi aprovada na noite de quarta-feira (25), por 41 votos favoráveis e 33 contrários.
A mudança foi justificada como uma necessidade de atualização da representação proporcional de cada estado, com base no Censo Demográfico mais recente do IBGE, um mandamento previsto na Constituição Federal. O novo cálculo valerá para a legislatura de 2027 a 2030 e estabelece que apenas dados oficiais de censos poderão fundamentar futuras redistribuições.
Ainda que parte da população brasileira tenha crescido de forma significativa em estados como Santa Catarina, Amazonas e Pará, Alagoas não apresentou aumento populacional suficiente para alterar sua bancada, permanecendo com as nove cadeiras atuais.
A crítica, inclusive entre senadores que votaram contra, é de que a medida pode representar um impacto fiscal considerável, ainda que o projeto estabeleça um teto para os gastos com os novos mandatos. Estima-se que o aumento represente R$150 milhões a mais por ano aos cofres públicos, ainda que o texto preveja que os custos não devem ultrapassar os limites da correção inflacionária até 2030.
Mesmo com essa cláusula de controle orçamentário, a percepção pública é negativa. Pesquisa do Instituto Datafolha mostra que 76% dos brasileiros são contrários à ampliação do número de parlamentares, o que reforça o desgaste político de uma medida que, para muitos, soa desconectada das urgências da sociedade brasileira, como saúde, educação, segurança e combate à fome.
Em meio a cortes de orçamento em áreas essenciais e a uma desconfiança generalizada da classe política, a ampliação de cadeiras soa como aumento de privilégios para poucos às custas de muitos.