A Polícia Federal abriu mais um capítulo da disputa contra práticas que minam a lisura das eleições municipais. Na terça-feira (11), a corporação realizou a Operação Abstenção, em Minador do Negrão, após identificar um esquema que teria como alvo um dos pilares do processo democrático: o direito de votar.
O caso é direto e grave. Segundo a PF, um eleitor foi levado até a casa de um candidato, onde teve seus documentos retidos. Além disso, recebeu mil reais em dinheiro para não comparecer às urnas em 2024. A investigação indica uma tentativa clara de manipular o resultado eleitoral pela via da coerção, algo que tem impacto real na disputa.
Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos por ordem da Justiça Eleitoral da 45ª Zona, em Igaci. O objetivo é reunir provas que confirmem a materialidade do crime, consolidar os indícios de autoria e, se houver, alcançar outros possíveis envolvidos.
Do ponto de vista político, ao atacar um esquema de compra de abstenção, a PF expõe uma forma de fraude pouco debatida, mas estratégica: retirar adversários das urnas pode ser tão eficiente quanto comprar votos. Em cidades pequenas, cada voto, ou cada ausência, pesa no cálculo das alianças e na força dos grupos locais, influenciando o resultado.
A ofensiva também pressiona lideranças da região, que agora terão de responder ao desgaste público de uma operação federal em pleno período pré-eleitoral. O recado institucional é claro: práticas que tentam moldar o resultado no subterrâneo da política continuarão no radar das autoridades.