A reabertura, pela Fundação Palmares, do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, apenas três dias após a tragédia que resultou em 20 mortes e cerca de 28 feridos, é um exemplo alarmante de insensibilidade institucional. A decisão ignora a profundidade da tragédia, o luto das famílias e a memória daqueles que perderam suas vidas.
Enquanto a Polícia Civil, a Polícia Científica e o Ministério Público investigam as causas do acidente, a Fundação optou por seguir a rotina como se nada tivesse acontecido. Vinte mortes não são apenas um número; são vidas interrompidas, sonhos desfeitos e famílias devastadas.
A reabertura tão precipitada expõe, ainda, a ausência gritante de medidas ou protocolos de segurança para prevenir novas tragédias. Afinal, o que foi feito para evitar que algo assim aconteça novamente? Nenhuma avaliação técnica foi anunciada, nenhum plano emergencial parece ter sido implementado, e a sensação de vulnerabilidade persiste. A pressa em retomar as atividades aparenta ser mais importante do que garantir que nenhuma outra vida seja colocada em risco. Essa postura evidencia um descaso inaceitável com a segurança dos visitantes.
Honrar as vítimas, oferecer suporte aos internados e aos que já receberam alta, além de implementar ações concretas para evitar novas tragédias, deveria ser a prioridade. O cheiro da morte ainda paira no ar; o sangue das vítimas continua marcado no local, como um testemunho silencioso de uma tragédia que devastou famílias e enlutou uma cidade inteira.
Cada passo dado pelos visitantes, neste momento, parece pisar sobre o sofrimento — uma memória ainda crua, um grito abafado de 20 vidas que não tiveram tempo de se despedir. A Fundação, que deveria simbolizar resistência e respeito, torna-se indiferente, como se o sangue derramado pudesse ser varrido tão facilmente quanto folhas secas no chão.
E você, se sente seguro em levar sua família à Serra da Barriga hoje?