O deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB) atravessa uma fase delicada em sua trajetória política. Em poucas semanas, dois episódios colocaram seu nome no centro das críticas, tanto dentro do próprio partido quanto entre eleitores atentos às decisões de Brasília.
O primeiro desgaste veio com o voto favorável à chamada PEC da Blindagem, apelidada por parte da opinião pública e até por aliados de “PEC da Bandidagem”. A proposta, vista por muitos como um retrocesso no combate à corrupção e à responsabilização de autoridades, gerou forte reação. O presidente do MDB em Alagoas, senador Renan Calheiros, não deixou passar em branco e advertiu o parlamentar, num gesto raro de repreensão interna.
O episódio, que já havia abalado a imagem de Bulhões, ganhou contornos mais sérios com a recente aprovação da instrução normativa da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que aumentou o Fundo Eleitoral em R$ 3,9 bilhões, elevando o total para R$ 4,9 bilhões em 2026.
O relator da proposta é justamente Isnaldo Bulhões, que também responde pela relatoria do Orçamento do próximo ano. A ligação direta do deputado com o aumento do fundo, em um momento de descrédito da classe política e de dificuldades econômicas no país, ampliou o desgaste.
O MDB tenta se equilibrar entre o pragmatismo político e a cobrança pública por coerência, enquanto Bulhões se vê cada vez mais pressionado. Dentro e fora de Alagoas, o questionamento é inevitável: até que ponto o eleitorado vai relevar essas decisões quando chegar o momento do voto?
A crise que o deputado enfrenta é um lembrete de como o cenário político atual cobra, com intensidade, coerência e sensibilidade. E, em tempos de redes sociais e de eleitor mais atento, cada voto e cada gesto podem custar caro.